Resenha: The World of the Married (K-Drama)

Um drama que explora com maestria o significado de confiança, casamento e família.

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Título: The World of the Married
부부의 세계
Gênero: Romance, Melodrama, Família
Transmissão: Março – Maio de 2020
Número de episódios: 16 (jTBC)

Sinopse

Ji Sun Woo é uma médica bem-sucedida sendo, inclusive, a Diretora Associada do Hospital em que trabalha na pequena Gosan. Ela tem um filho quase adolescente e um marido que está lutando para se tornar um grande Diretor de cinema. Uma família aparentemente feliz, com seus altos e baixos.

Os pesadelos de Ji Sun Woo começam quando seu marido, Tae Oh, retorna de uma recente viagem a negócios. Um fio de cabelo comprido em suas roupas e um batom foram o suficiente para que Sun Woo começasse a investigar. Infelizmente, quando ela descobre a verdade por trás desses incidentes, sua família que parecia perfeita se torna algo a beira do precipício.

Depois que o mundo de Sun Woo desabou seus próximos passos deveriam ser ainda mais meticulosos. Divórcio? Vingança? Perseguição? Jogos perigosos que os levariam para um final ainda mais devastador e destruidor.

Restrição de idade: +18 anos

Comentários

A resenha a seguir traz apenas apontamentos gerais sobre a trama! Nada que comprometa sua futura experiência com o drama

Confiança é sim como um copo de vidro, depois que você quebrou não adianta querer colar as partes, o copo nunca mais será do mesmo jeito. Por isso, é importante que valorizemos quem está do nosso lado, sem mentiras, e sem mal-entendidos. Quando for tarde demais, os arrependimentos não servirão para nada.

Eu queria muito escrever esta resenha porque não queria que vocês passassem pelo que eu passei. Quando comecei a assistir este drama, eu tinha uma ideia errada da mensagem que ele estaria passando. Pelas classificações, e pelos comentários animados de quem estava assistindo, acreditei que este drama nos daria um exemplo de mulher cheia de autonomia que passaria por todos os desafios do divórcio, que nos daria um belo exemplo de como uma mulher deveria ser forte para começar de novo, apesar de todo o preconceito. No entanto, não é bem isso que acontece aqui. 

Deixe-me esclarecer algo antes de continuar com esta resenha, eu não estou dizendo que a trama me decepcionou! A história realmente não foi como eu imaginei que seria, mas isso não quer dizer necessariamente que eu não recomendaria. Pelo contrário, só estou alertando vocês para que não fiquem com a mesma breve sensação de desilusão que eu tive enquanto assistia.

A raiva foi um sentimento predominante em praticamente todos os espectadores. A protagonista é um mulher extremamente forte e bem-sucedida, mas que simplesmente desmoronou com a notícia da traição. Na verdade, o drama explica muito bem sobre tudo que a família e o casamento representavam para Sun Woo, conseguimos entender o quanto descobrir aquele segredo deve ter sido chocante. Ainda assim, conforme os episódios vão passando, percebemos que a obsessão e o sentimento de vingança tomou conta de Sun Woo de um jeito doentio, inclusive.

Na verdade, Sun Woo é um exemplo de como não devemos nos comportar se tivermos a infeliz notícia de uma suposta traição. Não adianta contratar pessoas, nem fazer de tudo para tornar a vida dele um inferno, muito menos tentar separar seu filho do pai. Como advogada, posso dizer que este foi o erro mais grotesco da nossa protagonista e que, infelizmente, muitas mães saem de um divórcio com esse pensamento.

Isso tem um nome e se chama alienação parental. É um dos temas mais delicados do Direito de Família. Os efeitos psicológicos negativos que são ocasionados na criança por causa disso são inacreditáveis. O drama fez questão de mostrar o quanto a disputa entre Sun Woo e Tae Oh fez mal para o jovem Joon Young.

Muitas pessoas criticaram as atitudes de Joon Young… eu também não conseguia entendê-lo às vezes. A verdade é que nem Joon Young sabia o que estava fazendo. Vocês precisam entender que esse adolescente foi envolvido em uma disputa cruel sem ter feito nada de errado! Ele não deveria estar no meio daquela disputa. Não envolvam as crianças nesses assuntos. Desde o início, não haviam motivos que justificassem o fato de Sun Woo tentar separar Joon Young de seu pai. A única que precisava cortar relações com Tae Oh era ela mesmo. O que realmente a impedia de fazer isso? Obsessão? Vingança? Sentimentos perversos envolveram um jovem em uma situação completamente desnecessária.

Se fosse no Brasil, Sun Woo poderia ter recebido uma multa por seu comportamento. Pessoal, não é injusto. Injusto é uma criança ter que passar por isso. Sabemos desde o começo que o que Tae Oh fez é asqueroso e indesculpável, mas Joon Young não tinha a ver com a situação. Ninguém tinha o direito de privá-lo de ver o pai.

Em diversas cenas nos primeiros episódios da trama, depois de descobrir sobre a traição, Sun Woo fez campanha para desqualificar Tae Oh como pai, dificultou o contato entre os dois, e, ainda, chegou a dissimular situações… tudo ficou ainda pior conforme os episódios se estendiam. Quem assistiu sabe do que eu estou falando. Foram cenas difíceis de assistir, honestamente.

Eu só estou destacando algo que acontece muito na realidade. Acontece muito mais do que vocês imaginam. Eu só queria fazer um apelo para que essas mães não envolvessem seus filhos em suas disputas com seus ex maridos, as crianças não tem culpa do que aconteceu entre os adultos.

Culpa. O fato de ter acontecido uma traição – de maneira nenhuma isso foi culpa de Sun Woo, a traição é de culpa exclusiva de Tae Oh! E tem mais, isso não merece desculpas… Vocês podem achar que a pessoa mudou, que isso não vai mais acontecer, só que depois que a confiança foi quebrada uma vez, a paz de espírito na relação simplesmente desaparece.

Agora como tudo terminou daquele jeito… aquele ódio, obsessão, desespero, momentos angustiantes depois de descoberta a verdade, todo o desenvolvimento da história em si, entendem? Quem puxou as cordas e comandou o enredo foi a Sun Woo. Ela poderia ter feito com que tudo fosse diferente.

Perdoar alguém é tão arrogante quanto julgar alguém

Eu fiquei pensando no porquê uma mulher como a Sun Woo passou por tantas situações humilhantes por causa de seu casamento desapontante. A maioria das mulheres que se submetem a isso, justificam suas submissões pela dependência financeira. O que é outra realidade angustiante. Depois de muito pensar eu percebi que Sun Woo, apesar de não ser dependente financeiramente do marido, ela também passava por algo parecido. No entanto, sua dependência era puramente emocional.

Quem acredita que ela estava sendo uma mulher forte mostrando as garras e lutando contra tudo e todos pode estar em choque por causa dessa resenha. Vocês pararam de pensar nos motivos pelos quais Sun Woo estava lutando? Por quê? Para proteger seu filho? Não me respondam isso, por favor. Ela continuava lutando contra sua própria dependência emocional. Sun Woo queria se tornar independente de Tae Oh, nem que para isso precisasse passar por cima dele. A única saída que ela tinha em mente, era a de desgraçar a vida de seu ex marido, fazendo com que ele se arrependesse de tudo.

Que escolha eu deveria ter feito?

Eu tive uma oportunidade de desfazer o que foi errado? 

Não se rebaixem no mesmo nível de alguém que errou com vocês. Não façam com que ele(a) pague na mesma moeda. A cabeça deve se manter firme no lugar e vocês só devem olhar para um lado: para frente! Não voltem no passado, não tentem fazer coisas que vocês não fariam em sã consciência. A Sun Woo se perdeu completamente durante a trajetória, sendo que, com certeza, Tae Oh se arrependeria de suas escolhas mais cedo ou mais tarde, independentemente das ações de Sun Woo.

A vida flui como um rio. É preciso se adaptar ao fluxo e seguir.

Arrependimento não foi algo que faltou nessa trama. Quase todo mundo tomou baldes de água fria. Eu devo ser a única pessoa que ficou em paz com esse final. Sinceramente, eu não via um final melhor do que aquele. Ninguém conseguiria ficar em paz depois de tudo que aconteceu assim tão facilmente. O desenvolvimento da trama é muito parecido com o de Misty, que é do mesmo Diretor.

A vida é uma ansiedade contínua

O drama, além de todas as complexidades acima expostas, também abordou outro tema extremamente delicado que é a violência doméstica. “Ele só me bate quando está com raiva”, “no fundo ele tem um bom coração”, “eu tenho pena dele”… frases que parecem inacreditáveis para quem está do lado de fora de uma relação abusiva e que foram retratadas de forma muito concreta em The World of the Married. Lee Hak Joo e Sim Eun Woo protagonizaram pontualmente uma relação lotada de abuso, tormentos, perseguição e angustias.

Outro casal que rendeu cenas bem inquietantes foi o protagonizado por Kim Young Min e Park Sun Young. Um homem que também tinha tudo: dinheiro, um bom trabalho e uma boa casa, uma esposa que o amava com todas as forças e fazia tudo por ele… mas que ainda assim sentia a cisma de se encontrar com outras mulheres em hotéis antes de voltar para casa. Um vício, uma monomania, totalmente sem sentido. O desenvolvimento desse casal e suas cenas são completamente excepcionais!

A atuação desse elenco é sensacional. Kim Hee Ae sempre muito intensa em suas cenas representando Ji Sun Woo. Sentimos suas dores, suas dificuldades, seus anseios. Muitas vezes, eu queria sacudi-la, dizendo: “você está fora de si! Recupere seus sentidos!“… Outras vezes eu simplesmente aplaudia suas atitudes. Ela é uma mulher cheia de nuances, erros e acertos. Um tigre feroz pronto para morder quem ousasse encostar em seu filho. Extremamente merecido o prêmio de melhor atriz que ela recebeu no 56º Baeksang Arts Awards.

Sun Woo é, de fato, implacável. A mulher é assustadoramente obsessiva, calculista e psicótica. Ela é egoísta quando se trata dos seus sentimentos. Acredito que conforme os episódios passam isso se torna bem evidente. Ao mesmo tempo que é incrivelmente forte, Sun Woo foi a que mais se machucou durante a história, de uma maneira tão profunda. Essa mulher me deixou em apuros diversas vezes… eu a amei, a odiei, questionei os motivos de suas atitudes, e senti muita pena dela. O drama realmente levou a sério a expressão

Não há no céu fúria comparável ao amor transformado em ódio, nem há no inferno ferocidade como a de uma mulher desprezada – William Congreve

Park Hae Joon interpretou Lee Tae Oh, “o coreano mais insultado da Coreia”, nas palavras de Kim Hee Ae. Tae Oh é um homem que erra do início ao final da história. Tudo que ele fazia não parecia verdadeiro. A negatividade que o cerca é sempre tão evidente. Ele tinha uma família perfeita, mas traía sua esposa com a filha do “dono da cidade”. Em algumas passagens, eu até pensei que talvez ele realmente gostasse de sua amante ou que ele se importasse de verdade com seus filhos. No entanto, nada que Tae Oh sentia era verdeiro. Ele só queria ser bem-sucedido, controlar todos a sua volta, tendo tudo o que pudesse ter. Um verdadeiro pilantra.

Eu realmente não sei como esse ator conseguiu passar tantos sentimentos difíceis. Tae Oh é desestabilizado emocionalmente, transtornado, e agitado. Um canalha com o tom da palavra. E Park Hae Joon parecia ser tão tranquilo e sorridente nos bastidores. Ele se transformava enquanto atuava. Brilhante!

O drama mostrou como as vítimas de uma traição se sentem culpadas pelo que aconteceu. Elas não são bonitas o suficientes? Não foram atraentes o suficiente? Perderam a mágica com o tempo? Mas nada disso importa. Não importa o quanto uma mulher seja bonita, seja inteligente, seja engraçada e autêntica. Um homem que trai, com certeza, vai trair e continuar traindo. Isso jamais é culpa das vítimas. Também não existe desculpas para traição.

E amigos, traição não é perdoável. Vocês devem seguir em frente, não importa o quão fracas(os) se sintam, não importa o quão difícil será a caminhada… não importa o que o mundo diga, nem quantas tentativas vocês precisem fazer. A felicidade não estará perto da pessoa que traiu vocês, a felicidade estará sempre do outro lado, do lado oposto. Não esqueçam disso.

Han So Hee também deu um show de atuação e me deixou surpresa! No começo eu a odiava com todas as minhas forças. Eu só pensava que ela e Tae Oh combinavam por serem tão asquerosos. Conforme os episódios foram passando, comecei a conhecer melhor Da Kyung e reconheci, inclusive, algumas de suas qualidades. (?) A atriz estava tão naturalmente presente nas cenas que é difícil explicar com palavras.

Se resolverem assistir The World of the Married, tenham certeza de que vocês passarão por muitos momentos de raiva. É revoltante! O drama é cheio de tensão e cenas que, às vezes, demoram para serem moídas. Suportamos, remoemos, xingamos os personagens com frequência, e no meio de tantos sentimentos assombrosos, somos levados até o fim da trama. 

Não é um drama comum sobre vingança, que você assiste imaginando as próximas cenas. Também nem pense em assistir sem se envolver muito porque é extremamente difícil que isso seja possível. Praticamente todos os episódios são surpreendentes e nos deixam chocados. Acabamos sendo sugados e envolvidos pela trama em um piscar de olhos.

The World of the Married está disponível no Kingdom Fansubs e no drama fansubs

Um comentário sobre “Resenha: The World of the Married (K-Drama)

  1. A sua resenha me fez ver um lado diferente. Porque quando começamos a assistir estamos do lado da Sun Woo e até concordamos com tudo que ela faz, mas conforme a história vai passando e agora lendo a sua resenha posso entender que o único inocente nessa história é o filho deles. Ele era um menino insuportável as vezes, sim, mas olhando pra tudo que ele passou é entendível ele ser assim afinal ele é um adolescente que está formando seus gostos, desejos, sentimentos,etc. Os personagens mostram nuances muito semelhantes a realidade, talvez por isso a gente passe tanta raiva assistindo ele por é uma realidade cruel demais. Você imaginar que existem pessoas assim ao seu redor ou que até você mesmo pode ser como algum deles é tenso e triste. Atuações incríveis mesmo você pega ódio e ranço de todo mundo, mas vai passando as poucos.
    Mas gostaria de entender porque você achou o final plausível com a história?

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